sexta-feira, junho 16, 2006

Um reflexo de Portugal

Há dias fui visitar um amigo ao hospital de Tomar. Era a terceira vez que lá entrava. A primeira tinha sido há uns 4 anos. Na altura estava tudo impecável. Lembro-me de ter pensado: excelente ideia esta de terem feito um hospital de raiz em Tomar. Está tudo 5 estrelas.
Desta vez fiquei parvo. Para além da perfeita descoordenação entre quem está na recepção a distribuir os cartões de visita e o senhor da porta antes de chegar ao elevador, o meu espanto chegou depois. Subo ao piso onde estava internado o meu amigo, empurro a porta e (como é daquelas portas com molas) quando volta ao seu lugar bate-me na não e (não sei como) cortou-me. Vi que os batentes da porta não tinham borracha como deveria ter.
Como o corte era pequeno, mais em forma de arranhão, não disse nada. Deixei estar as coisas como estavam. Fiz mal. Eu não estou ligado ao sector da saúde, mas e as infecções hospitalares?
Mas agora, sem pensar em mim, será que mudar as borrachas das portas é assim tão caro? Será necessário deixar um hospital novo e com excelentes condições chegar a um estado de degradação em que depois o investimento para as reparações é X vezes superior? E quando o hospital estiver em piores condições qual será a motivação dos seus profissionais?

Este caso é apenas um reflexo de Portugal. Temos por hábito deixar degradadas as pequenas coisas e quando damos por isso as coisas estão numa situação irreversível. Depois já é tarde, ou demasiado caro, dar à volta por cima. Que tal reparar o mal assim que ele surge?