domingo, dezembro 24, 2006

Ah e tal... Feliz Natal!


Desejo a todos os leitores e amigos um Bom Natal e um 2007 repleto de exito e saúde!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

A nata dos pastéis

A pedido de algumas pessoas aqui deixo o artigo sobre os pastéis de nata! No último texto sobre os pasteis do "Martinho da Arcada" poderá haver uns lapsos temporais dado a data de publicação (21 de Abril - Dinheiro&Ócio - Diário Económico) não corresponder a da "postagem".


A nata dos pastéis

Deambular por Lisboa (e arredores) atrás do melhor pastel de nata é algo muito tentador. Com tanta oferta, o difícil foi mesmo escolher.

Desde que me conheço que ouço falar em pastéis de nata. Uns dizem que os melhores são estes ou aqueles porque o suave travo do café, da canela ou mesmo do licor altera de forma quase erótica o sabor do bolo. Teimoso como sou, sempre fui pensando que, afinal, natas são natas, e no fundo é tudo a mesma coisa. Até que finalmente resolvi ir atrás dos sabores e procurar saber o que traz a notoriedade aos mais afamados pastéis de nata.

Limitado pelo tempo, tive de me contentar com o eixo Lisboa/Estoril. Fiz-me à estrada. Pelo caminho delineava a estratégia e várias dúvidas assaltaram-me o espírito. Será que o número de clientes de um estabelecimento pode servir de barómetro para avalia a qualidade dos pastéis? Como poderei avaliar a verdadeira qualidade de um pastel de nata? Pelo aspecto? Pela frescura? Logo veria.

Primeira paragem, topo do Largo Rafael Bordalo Pinheiro com a Rua da Trindade, o “Carioca da Trindade”. Ao balcão pode ler-se “Pastéis de Nata caseiros”. Provei. Nada mau para um primeiro exemplar e para começo da maratona. Bom creme, massa razoável. A fasquia estava alta.

Continuei. Desci até Belém. Tinha de ser, tinha de comparar os famosos pastéis de Belém. O número de clientes ao balcão não deixa dúvidas. Para testar o empregado, chego ao balcão e peço um pastel de nata. “Não temos. Só pastéis de Belém”, corrigiu de imediato. Este trazia a lição estudada. Comi, gostei. Mas não podia ficar por aqui.

Quis a sorte que eu fosse parar de seguida ao restaurante “O Mercado do Peixe”, em Monsanto. Aqui, o pastel de nata é o rei. Não é por acaso que foi já três vezes premiado como o melhor da sua categoria, num concurso nacional exclusivamente dedicado aos pastéis de nata. Com um creme ligeiramente líquido, o doce entrou-me logo nas papilas gustativas. Hum... Um vencedor nato. A explicação está dada.

A surpresa veio depois. Tinha-me chegado aos ouvidos que os pastéis de nata do Hotel Palácio Estoril eram de facto “aqueles” que ninguém esquece. Foi esse rumor que me fez percorrer quilómetros – não muitos – de auto-estrada para tirar a prova dos nove. E rendi-me… a massa, a nata, o sabor. Tudo bom. As 5 estrelas do hotel estão sem dúvida referenciadas neste “pequeno” pedaço de prazer.

Percebe agora a dificuldade de avaliar um pastel de nata? Estes quatro são excelentes. Até a redacção do D&O ficou confusa. O melhor será mesmo repetir o périplo… infinitamente.

DOS MAIS FAMOSOS AOS ILUSTRES DESCONHECIDOS, OS PASTÉIS DE NATA MERECEM UM TESTE APROFUNDADO.
E O VENCEDOR É...


Como um ramo de flores – Hotel Palácio Estoril
Média: Excelente – 9,25 valores
O melhor: Tudo!!!
Massa folhada: 10
Recheio: 9
Consistência: 9
Sabor: 9
% de açúcar: média alta
Potencial de esfarelamento: quase nula
Relação qualidade/preço: não tem preço.

Está incluído nos serviços do hotel. O que o torna um fruto ainda mais apetecido. Já imaginou entrar num quarto de hotel e ser acolhido por um suculento prato pastéis de nata no lugar do tradicional bouquet de flores? Tentador, não é?! Até porque as flores não se comem… É com este pequeno mimo que os hóspedes do Hotel Palácio Estoril são brindados quando entram pela primeira vez no quarto. Estas pequenas divindades de nata têm uma massa folhada muito suave que não se desmancha, possuem um creme digno de ser elevado a “néctar dos deuses” e são feitas exclusivamente com produtos caseiros. Através deste pequeno bolo, o chefe José Nunes, “pai” deste pastel de nata, já levou o nome de Portugal a toda a Europa, Estados Unidos e Japão.


Eu não sou um pastel de nata – Fábrica dos Pasteis de Belém
Média: Muito bom – 8,25 valores.
O melhor: A fama.
Massa folhada: 8
Recheio: 8
Consistência: 9
Sabor: 8
% de açúcar: baixa (por isso vem servido com um pacotinho de açúcar e um de canela)
Potencial de esfarelamento: elevado
Relação qualidade/preço: boa (80 cêntimos)

A fazer lembrar os belos quadros do pintor francês Rene Magritte, os Pastéis de Belém, que “não são pastéis de nata”, são sem sombra de dúvida um ‘ex-libris’ português. Não há lisboeta ou turista estrangeiro que não conheça. Simples ou com canela e açúcar, os Pastéis de Belém são bons enquanto estão quentes, frios perdem um pouco do paladar. A massa fina aliada a uma nata com um ligeiro sabor açucarado faz com que, diariamente, dezenas de milhares destes pequenos e saborosos bolos sejam consumidos de forma quase compulsiva por todos os visitantes que por ali passam. Para uns poderão não ser os melhores, mas são de certeza os que mais vendem.

As dimensões do tri-campeão – Mercado do Peixe
Média: Muito bom – 8 valores
O melhor: o creme mais líquido.
Massa folhada: 7
Recheio: 9
Consistência: 8
Sabor: 8
% de açúcar: média
Potencial de esfarelamento: quase nulo
Relação qualidade/preço: média (90 cêntimos a unidade)

O título mostra o verdadeiro colosso. Ligeiramente mais altos que os seus concorrentes, os pastéis da nata do “Mercado do Peixe” são uma receita própria do estabelecimento. No creme feito sem farinhas, para não transformar a nata em pudim, poderá estar escondida a chave do sucesso.
Paulo Oliveira, pasteleiro deste restaurante, garante o cunho de qualidade e afirma que o pastel de nata é totalmente artesanal, desde a massa estendida com o rolo ao creme batido à mão.


O bom filho da casa – Carioca da Trindade
Média: Razoável - 6,75 valores.
O Melhor: O doce do creme.
Massa folhada: 6
Recheio: 7
Consistência: 7
Sabor: 7
% de açúcar: média
Potencial de esfarelamento: elevado
Relação qualidade/preço: boa
(80 cêntimos a unidade)

Com fabrico caseiro, o pastel de nata do “Carioca da Trindade” é um “filho da casa”. Se gosta de massa folhada estaladiça e de um sabor comum, este é sem dúvida o indicado. A canela está à mão e é só polvilhar e trincar. O suave sabor da nata fará o seu trabalho.


Pastel do “Martinho da Arcada” na rota de 27 capitais europeias

O café “Martinho da Arcada” vai ser palco das celebrações do Dia da Europa em Portugal, a 9 de Maio, através da iniciativa “Café da Europa”, da responsabilidade da actual presidência austríaca da União Europeia, que vai decorrer nos 25 países comunitários e nos candidatos Bulgária e Roménia. Nesta comemoração, o Pastel de Nata do “Martinho da Arcada” será a especialidade apresentada por Portugal para ombrear com os doces tradicionais dos restantes 26 países, numa iniciativa intitulada “Doce Europa”. Para António Sousa, gerente do estabelecimento, a escolha do “Martinho da Arcada” prende-se essencialmente pelo lugar conquistado na história de Lisboa e pelo olhar cultural que o espaço tem em Portugal. “Este é o café mais antigo de Lisboa, é um local histórico. Por aqui passaram tantos poetas, tantos escritores, tanta gente que fez a nossa História, por isso a Comunidade Europeia deve ter achado que o Martinho da Arcada era o espaço indicado para representar Portugal”, disse ao D&O António Sousa. Para além da “digressão” do pastel de nata pelas 27 capitais europeias esta iniciativa trará ao café “Martinho da Arcada” os sabores típicos desses países. A data, 9 de Maio, recorda 1950, quando foi dado o primeiro passo para o que é hoje a União Europeia, através da declaração de Robert Schuman, que propôs a criação de uma Europa organizada, como requisito indispensável para a manutenção da paz.